A urgência de se escrever
compreende-se no momento: quem quer escrever usa as palavras como um aerossol,
ou como última prece no dia do julgamento, um último recurso.
O crente converte-se numa espécie
de último reduto da sanidade, na medida em que só a sua crença autoesculpida lhe
permite a não rendição à urgência da escrita; outros há, que com ingenuidade
macabra, lançam os dados de Pascal e fazem uma cama aconchegante à sua
consciência.
Outra imagem recorrente é a de um
shofar que toca e tem o mesmo efeito de um trovão: a multidão que se reunia nos
tempos idos para celebrar pelo som mais um sacrifício, desta vez agrupa-se de
mãos juntas, com reverência e uma prece alada prestes a perder-se pelos céus:
- "oh senhor, poupa-nos mais
um dia, acaba com a ira desta mãe natureza que te ousa ultrapassar".
E mais um Sandy acontece. Um
certo sexismo prevalece. O mundo descansa porque algures foi impedido que mais
um tanso se sentasse - a ele e aos seus amigos imaginários - na cadeira mais
poderosa deste mundo.
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